AGRICULTURA
Após visitas técnicas realizadas pela Emater/RS-Ascar, um laudo foi emitido pela entidade, considerando perdas estimadas superiores a 80% em lavouras de milho
A estiagem que assola a grande parte dos municípios da região, entre eles Santo Expedito do Sul, já traz grandes prejuízos para a agricultura, com perdas que chegam a 85% para o milho, 45% para a soja e 60% para o leite. Conforme um laudo técnico emitido pelo Escritório Municipal da Emater de Santo Expedito do Sul, a situação vem persistindo desde o dia 29 de outubro de 2021, quando ocorreu a última precipitação significativa de maneira uniforme em todo o território do município.
Uma série de visitas técnicas foi realizada pelo coordenador da Emater Municipal, Matheus Mignoni, nas propriedades rurais das diversas localidades como Linha Kern, Encruzilhada do Facão, Linha Prandi ,Capela do Farrapos, Linha Colorado, Linha Coloradinho, Capela São Valentin, Capela Rincão Bonito, Capela São Miguel, Capela Caravagio, Linha Rosa, Capela do Divino, Capela São Paulo, Capela Menino Deus e Linha Limeira. Com as visitas, foi possível realizar uma amostra representativa da situação da estiagem no município.
O laudo técnico foi elaborado nesta segunda-feira, dia 04 de janeiro, e mostra os efeitos da estiagem, que atinge significativamente a produção agrícola e agropecuária. De acordo com o levantamento da Emater, também foram registradas perdas significativas na fruticultura, olericultura e demais atividades agrícolas de grande importância para a alimentação e subsistência das famílias, que dependem de água para se desenvolver. Os dados também serão utilizados para embasar a necessidade de um decreto de emergência no município.
Perdas na bovinocultura de leite
Aproximadamente 300 famílias do município estãos inseridas na atividade de bovinocultura de leite, entregando para indústria para a agroindustrialização do leite.Conforme o laudo da Emater, o efeito da estiagem atinge o setor, tendo em vista que o sistema produtivo predominante desenvolvido no município é o extensivo, onde a alimentação dos animais está baseada em pastagens. “Esta é a principal atividade agropecuária destas famílias e a situação das pastagens é crítica. A pequena quantidade que resta está sendo consumida e não está havendo o rebrote. O milho para a produção de silagem está seriamente comprometido e a silagem que está sendo feita, será de péssima qualidade”, considera o técnico da Emater.
Uma das consequências é que ocorre elevação significativa nos custos de produção leiteira, pelo aumento na quantidade de ração disponibilizada aos animais para compensar as perdas pela falta de volumosos de qualidade. A produção de leite do município teve uma queda até o momento de 60 %, conforme levantamento realizado com as empresas que fazem o recolhimento. “Esta queda deverá continuar nos próximos meses em função de que a estiagem não ter permitido o plantio de novas pastagens e rebrote das pastagens perenes. Mesmo normalizando as chuvas nos próximos dias, estima-se que levará em torno de 6 meses para a situação ser normalizada”, prevê Mignoni.
Perdas nas culturas de soja e milho
A lavoura de soja vem crescendo devido a valorização, liquidez e clima favorável, chegando a 5,6 mil hectares, segundo a Emater. “A época de semeadura que resulta nas maiores produtividades em nossa região compreende o período de 25 de outubro a 10 de dezembro. Mais de 90% das lavouras de soja do município foram plantadas nesta época, sendo significativamente afetadas pela falta de chuvas”, comenta o coordenador da Emater Municipal.
Segundo ele, com a falta das chuvas, as plantas apresentam menor desenvolvimento vegetativo, redução no número de nós, menor engalhamento e fechamento irregular das entrelinhas que resulta em maiores perdas de umidade do solo devido à incidência direta da radiação solar. “Com o início da fase reprodutiva, foram observadas lavouras com sintomas de abortamento de flores, vagens e folha, grãos mal formados e de pouca qualidade”, cita ele no relatório.
Já a cultura do milho, que representa uma área de aproximadamente 1,8 mil hectares, houve significativos prejuízos nas lavouras plantadas nos meses de novembro e dezembro, épocas preferenciais de cultivo no município de acordo com o Zoneamento Agrícola de Risco e Climático. “Nestas lavouras o potencial produtivo é reduzido devido ao porte baixo, alta infestação de plantas daninhas e espigas com baixa polinização ocasionada pela falta de chuva e altas temperaturas no período de floração, comprometendo ainda mais a produtividade”, aponta. Do total de área plantada, cerca de 1000 hectares são destinados à colheita de grãos e os outros 800 hectares destinados à produção de silagem para alimentação animal.
Análise climatológica
O laudo técnico da Emater avalia que, considerando a redução dos volumes de chuvas em novembro e o mês de dezembro, não supriram as quantidades necessárias para o desenvolvimento vegetativo das plantas, ocasionando diminuição da produtividade, perdas e danos irreversíveis. A valoração da estimativa de perdas na agricultura contabilizam um total de R$ 27.393.427.050,00. “Estas estatísticas podem aumentar caso a estiagem se estenda nos próximos dias”, finaliza o técnico da Emater.